Nelson, o alquimista do inferno
Algo mais sobre Nelson Rodrigues no teatro e no cinema
Renata Soares Junqueira
(Professora Titular de Literatura Portuguesa da UNESP)
Sinopse:
A primeira parte do livro detém-se no
teatro. Privilegiando o debate teórico, com ênfase no problema dos gêneros
literários e suas respectivas convenções, as páginas iniciais examinam o
território híbrido sobre o qual se assentam as peças de Nelson. Em sintonia
com o processo de abertura formal característico das dramaturgias do
Ocidente desde os últimos decênios do século 19, os textos escritos por ele
mesclam elementos da tragédia, da comédia, da tragicomédia e do melodrama.
Daí a ensaísta qualificá-lo como “alquimista do inferno”, aludindo tanto à
engenhosa fusão praticada pelo dramaturgo quanto à transmutação do acolhedor
domicílio burguês (outrora enaltecido por Diderot) em recinto hediondo e
asfixiante, no qual vicejam perversões de todo tipo. Após associar, de modo
pontual, o inferno rodriguiano àquele retratado por nomes seminais do drama
moderno – como Ibsen, Strindberg e Tchekhov, além de Maeterlinck, Wedekind e
Jarry –, a pesquisadora explora, por fim, o parentesco das criações de
Nelson com as de seus compatriotas Qorpo-Santo, Oswald de Andrade e Lúcio
Cardoso.
Já na segunda parte, são discutidas as preferências estéticas de três
expoentes do Cinema Novo que transpuseram obras do escritor pernambucano dos
palcos para as telas. Versada em abordagens interdisciplinares, que a mantêm
atenta não só à literatura e ao teatro, mas também às especificidades do
objeto fílmico, Junqueira evita depreciar os trabalhos de Leon Hirszman, que
lê como tragédia séria a “farsa trágica” A falecida, e Nelson Pereira
dos Santos, que ela sustenta ter caído em ciladas urdidas pelo irônico autor
da peça Boca de ouro. Ainda que realce os méritos desses
realizadores, a estudiosa manifesta predileção por Arnaldo Jabor, já que seu
longa-metragem Toda nudez será castigada, adaptação cinematográfica
da peça homônima, não apenas conserva o implacável pessimismo de Nelson
Rodrigues no desenho das personagens, como também assimila os procedimentos
composicionais daquele “alquimista do inferno” – por exemplo, ao justapor o
ritmo do bolero ao do tango, redimensionando a combinação de tonalidades
díspares presente no texto matricial.
Sobre a autora:
Renata Soares Junqueira é Professora Titular (2018) da Universidade Estadual Paulista (UNESP), onde leciona, desde 1994, Literatura Portuguesa na Faculdade de Ciências e Letras do campus de Araraquara. Vem desenvolvendo, nos últimos quinze anos, pesquisas interdisciplinares sobre teatro, cinema e literatura. É autora dos livros Glauber Rocha e Manoel de Oliveira: cinema épico em português (São Paulo: Todas as Musas, 2019), O cinema épico de Manoel de Oliveira (São Paulo: Perspectiva/FAPESP, 2018), Transfigurações de Axel: leituras de teatro moderno em Portugal (São Paulo: Editora da UNESP, 2013) e Florbela Espanca: uma estética da teatralidade (São Paulo: Editora da UNESP, 2003). Fundou e lidera o Grupo de Pesquisas em Dramaturgia e Cinema (GPDC), ativo há 22 anos. Desde 2013 é bolsista de Produtividade do CNPq e os seus projetos mais recentes são "O Cinema Novo brasileiro lê o teatro de Nelson Rodrigues" (2019-2021) e "Literatura, cinema e autoria feminina no Brasil da ditadura militar" (2022-2026).
Número de páginas: 125
Edição: 1 (2022)
ISBN 978-65-88543-69-6
Formato: A 5 (14 X 21 cm)
Acabamento: Brochura
Tipo de papel: Pólen 80g
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Editor: Flavio Felicio Botton
Supervisão Editorial: Fernanda Verdasca Botton
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